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CRÔNICA DE UM CARNAVAL TRISTE PÓS-GOLPE - Por Elder Pereira e Fátima Miranda

Edição de imagem: Elder Pereira


Por: Elder Pereira e Fátima Miranda

"O Brasil seria a maior potência do mundo, se o povo tivesse essa mesma disposição para lutar por um país mais justo e honesto"

"Enquanto milhões saem às ruas para esquecer os problemas, eles continuam piorando", se agigantando diante dos nossos olhos. 

"Enquanto milhões saem às ruas para extrapolar suas emoções" momentâneas, milhões passam fome, necessidades, muitas vezes as mais básicas, dormem nas ruas, sofrem nos corredores dos hospitais públicos tanto pela falta de atenção como pelo descaso do poder público que os vê apenas como números, estatísticas de um mundo cão acostumado a maltratar seus humanos. 

Enquanto milhões se endividam para brincar algumas noites, milhões não podem comprar um naco de pão e vivem na incerteza do que será o seu amanhã, se houver amanhã. 

Enquanto milhões lotam às ruas com sua alegria desvairada, poucos, ou quase nada vão à essas mesmas ruas lutarem pelos seus direitos que na calada da noite são usurpados por aqueles que estão no poder. Chego a pensar que a folia tem mais importância para muitos do que a possibilidade de ter um futuro decente. 

Gilberto Gil já cantava “Oh mundo tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”. O que mudou desde então? Nada, não é? Continuamos egoístas, soberbos, olhando para o nosso próprio umbigo, sentir a dor dos outros é um encargo que poucos se dispõem a fazer, dói.

Enquanto escrevo essas poucas linhas aqui, alguém aqui ou acolá clama por ajuda, são os invisíveis, ninguém os vê a não ser Deus e sua misericórdia infinita. É o bloco passando na rua cujo barulho ensurdecedor impede os seus foliões de ouvirem os gritos dos desalmados, dos esquecidos por essa sociedade hipócrita sem coração. 

"Cada povo tem o país que merece, todos colhem o que plantam, não adianta reclamar depois. Essa alegria fulgaz não apagará a realidade que deve ser enfrentada", não adianta fugir, está na nossa frente, esfregada todos os dias na nossa cara e a gente não faz nada para mudar essa realidade, esse imenso abismo social que nos colocaram, o fundo do poço, cuja água já não existe mais para matar nossa sede de justiça social e de fraternidade entre irmãos. 

"Qual o futuro de um país assim? E o futuro das nossas crianças?" O que será delas quando crescerem e perceberem que o país em que vivem é apenas uma ilusão? O que será deles (futuro da nação)? 

"Enquanto esta realidade é ignorada os bandidos destroem o Brasil", vendem o nosso país a preço de bananas, destroem direitos trabalhistas conquistados a preço de sangue; destruíram a CLT, tentam a todo custo destruir o nosso direito à aposentadoria conquistada após anos e anos de muito trabalho; sob a infeliz desculpa da "prerrogativa do cargo", sacaneiam com a cara de milhões de trabalhadores, concedendo a juízes, privilégios escrotos, a exemplo do tal auxílio-moradia, que ultrapassa a renda per-capta de mais de 92% de trabalhadores brasileiros. 

Até seria justo, se fosse para todos os trabalhadores, mas é imoral e injusto em um país que tem sua realidade salarial tão cruel. Aceitar e lutar pelos mesmos direitos? Como? O trabalhador pobre e anônimo não tem esse poder de barganha para garantir tais privilégios, haja vista o atual retrocesso que incinera direitos de quem não tem toga. Quantos privilégios. Lutar sem temor é uma questão de vida ou morte, ou lutamos ou morreremos sob os açoites dos chicotes de senhores, que sem qualquer escrúpulo, ignoram e roubam nossos direitos, se colocando como superiores e privilegiados pela vida.  Cada povo tem mesmo o país que merece. ACORDA POVO BRASILEIRO!!!

Elder Pereira e Fátima Miranda
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