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“Que tipo de república de bananas é esta!”




A entrevista com Geoffrey Robertson me fez relembrar momentos de forte indignação quando vi estrangeiros criticarem meu país. Tinha 18 anos e fui visitar uma tia e um tio no exterior. Conheci um senhor, um português bem idoso, que me disse ter ouvido falar que no Brasil se comprava a Justiça e ele queria saber se era verdade. Nem me lembro do que respondi de tão indignado que fiquei com a crítica velada que ele fez ao meu país, recém-campeão do mundo de futebol em 1970.

O segundo choque foi ver uma mostra fotográfica no campus da universidade com o tema, em letras garrafais, “Tortura no Brasil”. Estávamos no início de 1972 e o General Médici era o presidente. Pensei de imediato no que ganhariam esses estúpidos por inventar essas coisas sobre o meu país, por depreciar o Brasil. Revelei minha indignação ao meu tio. Ele me olhou de cima abaixo e disse que precisávamos conversar. Não foi preciso. Passei a ler as notícias do Brasil nos jornais não censurados pela ditadura militar.

Nessa sexta, quando perguntei a Geoffrey o que os brasileiros deveriam saber sobre o processo contra Lula, me vi novamente diante de uma forte crítica ao Brasil. Não a tomei contra mim ou tampouco contra meu país. Mas contra certa tradição de injustiça que meu país tem e que não enxergava lá aos meus 18 anos. A indignação mudou de lugar.

Geoffrey faz um trocadilho entre “Moro’s prosecution” e “Moro’s persecution” contra Lula. As duas palavras são bem semelhantes no inglês, a primeira é o processo e o segundo a perseguição, de Moro contra Lula. Ele criticou Moro, criticou o desembargador Thompson Flores, presidente do tribunal ao qual Lula apelou, criticou a Ajufe, Associação dos Juízes Federais do Brasil.

Veja a íntegra da entrevista que Geoffrey Robertson concedeu a Milena Abreu e César Locatelli, com edição de Iolanda Depizzol, Jornalistas Livres.


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