Por Catiana de Medeiros da Página do MST – Durante o 18º Encontro Estadual do MST do Rio Grande do Sul, realizado de 13 a 15 de dezembro na antiga fazenda Annoni, em Pontão, na região norte do estado, o movimento definiu que montará um acampamento na cidade de Porto Alegre no mês de janeiro de 2018.
A decisão integra as principais ações que foram projetadas pelo MST durante os três dias de encontro, para serem executadas nos próximos dois anos. Ela foi tomada por cerca de 800 Sem Terra, que representaram cerca de 15 mil famílias assentadas e acampadas no território gaúcho.
Conforme Cedenir de Oliveira, dirigente estadual do movimento, o acampamento será montado devido ao julgamento em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá. A audiência ocorrerá no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) no dia 24 de janeiro de 2018. “A nossa militância, tendo consciência da gravidade da luta política do próximo período, decidiu que ocupará Porto Alegre para defender que eleição sem Lula é uma fraude”, argumenta.
Além da decisão política de ocupar a capital gaúcha, o MST definiu que vai massificar seus acampamentos e intensificar as mobilizações pela desapropriação de áreas emblemáticas que estão ligadas, principalmente, a políticos envolvidos em esquemas de corrupção. Para além de fazer denúncias, como ocorreu em julho deste ano no país, os trabalhadores exigirão que estas áreas sejam destinadas à Reforma Agrária.
“Temos a informação de que existem quase 300 deputados envolvidos em corrupção. Então a nossa obrigação é revelar à sociedade quem são verdadeiramente os políticos que ocupam o Congresso Nacional. Precisamos tirar a terra improdutiva do latifundiário e colocá-la nas mãos de quem tem compromisso com o cumprimento da sua função social”, afirma Ildo Pereira, dirigente nacional do MST pelo estado gaúcho.
A construção da Reforma Agrária Popular, que é um projeto do MST para melhorar as condições de vida de toda a sociedade e a produção de alimentos saudáveis continuam sendo prioridade para os Sem Terra nos próximos anos. O movimento, de acordo com a assentada Silvia Reis Marques, já carrega em seu legado a produção de alimentos livres de agrotóxicos, mas o intuito é disseminar este tipo de cultivo e transformar a agroecologia no modo de vida que contemple todos os Sem Terra.
“Estamos comprometidos com a Reforma Agrária Popular, a produção de alimentos sadios, o cuidado com a natureza e com a vida. Estes temas dialogam com o conjunto da classe trabalhadora, porque se trata de saúde, e ela quer ter acesso a uma produção de alimentos diversificada. Isto nós temos condições de oferecer", acrescenta.
Encontro Estadual
O Encontro Estadual acontece a cada dois anos e reúne militantes Sem Terra de todas as regiões para definir linhas de atuação e planejar a organização dos acampamentos e assentamentos. Durante os três dias de evento, os camponeses participaram de análises das conjunturas política e agrária e debateram os desafios a serem enfrentados junto à sociedade no próximo período. Numa iniciativa inédita em um encontro estadual do MST gaúcho, também foi realizada uma Assembleia dos Homens para discutir o tema da violência contras as mulheres. Ao final do encontro, foi realizada a posse da nova direção estadual.
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