Dessa vez penso que a sociedade pode mensurar os efeitos deletérios da espetacularização do processo penal, que acabou por determinar um duro golpe ao Brasil.
Repita-se que ninguém, em boa saúde mental, será favorável à corrupção, mas o que se está permitindo no país, vai muito além do razoável.
Assim como ocorre nas demais operações espalhafatosas, que invariavelmente expõem situações e pessoas sem qualquer critério ou cuidado, dessa vez a consequência foi catastrófica.
Toda a União Europeia, China, Coreia do Sul e Chile já suspenderam a compra de carne brasileira.
A Polícia Federal, por sua vez, nessa fantástica operação, apresentou apenas 02 (dois) laudos, até o momento, para tentar subsidiar toda essa pirotecnia.
Estamos falando de um mercado que emprega 6 milhões de brasileiros, que levou quase 15 anos para se firmar no cenário internacional, que é submetido ao crivo sanitário dos países que importam seus produtos, mas que, para a investigação e suas alegorias, numa interpretação teratológica, mistura papelão com carne (quem é do ramo sabe que as interpretações são surreais, numa ligação interceptada um simples par de tênis vira AR 15 e por aí vai).
Analisemos alguns números:
(i) após quase 02 (dois) anos de informações, concluiu-se que 99,5% das unidades frigoríficas estão dentro dos padrões de segurança.
(ii) Nesse período, onde praticamente todas as plantas frigoríficas do país foram investigadas, chegou-se à conclusão que 21 unidades, dentre 4837 (menos de 0,5% do total) estariam em desconformidade e 33 funcionários de 11.000 (0,3% do total), podem estar envolvidos em corrupção.
(iii) A operação foi integralmente estruturada a partir de interceptações telefônicas e delações de funcionários descontentes. Não obstante, verificando as supostas irregularidades sanitárias (caso efetivamente tenham ocorrido), parece-me que a Polícia Federal optou por continuar investigando por dois anos, para ao final fazer o "carnaval", ao invés de dar o alerta imediato à população e autoridades.
O fato é que, depois de se acostumar a jogar vidas e reputações na latrina semanalmente, dessa vez a Polícia Federal escolheu "dar a descarga" em boa parte da nossa economia, da empregabilidade e da credibilidade mercadológica do país.
A espetacularização do processo penal precisa encontrar um freio.
Parece que algumas pessoas e instituições se encantaram com suas aparições na telinha e perderam, definitivamente, a noção e responsabilidade sobre seus atos.
Quando vier a quebradeira, dessa vez no agronegócio, peça um emprego na televisão ao lado do japonês.
James Walker, em seu Facebook.
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