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Assessor de imprensa das polícias faz piada com morte de João Victor



“Vou comer 50 esfihas. Só para contrariar”, declarou assessor da Secretaria da Segurança Pública, órgão responsável por investigar a morte do menino no Habib´s

Ontem, enquanto usuários do Facebook propunham boicotar o Habib´s por conta do menino João Victor, 13 anos — que morreu de parada cardiorrespiratória e teve o corpo arrastado por funcionários de uma lanchonete da rede na zona norte de São Paulo — o jornalista Adriano Kirche Moneta, assessor de imprensa da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, achou que era um bom momento para fazer uma piada. E escreveu na rede social:



A secretaria do governo em que Moneta trabalha, como funcionário terceirizado da empresa CDN Comunicação, é a mesma responsável pelas polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo, que atenderam e investigam a morte do menino. Até o mês passado, Moneta atuava como diretor executivo adjunto de imprensa e comunicação da SSP, segundo seu perfil no Linkedin.
A postagem do assessor, restrita aos seus amigos no Facebook, rendeu alguns emoticons de risadinha, mas também contestações. Houve quem respondesse com uma citação do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, que Moneta parece não ter entendido, e um seguidor que avisou: “Os justiceiros sociais de Facebook vão te linchar”.


No mesmo dia, o assessor apagou a postagem.
Questionada pela Ponte Jornalismo, a CDN afirmou, em nota, que a piada de Moneta era uma afirmação pessoal que não refletia a posição da empresa:
“A CDN Comunicação esclarece que a afirmação foi postada pelo colaborador Adriano Moneta em seu perfil pessoal, não refletindo a posição da empresa, que, aliás, possui um Código de Conduta que estabelece as diretrizes de uso e comportamento nas redes sociais.
Além disso, a CDN Comunicação informa que Adriano não é responsável pela Comunicação da Secretaria de Segurança Pública e tampouco está autorizado a emitir opiniões em nome da agência ou em nome da Secretaria.”
Atuando na SSP desde 2005, Moneta foi um dos responsáveis por dar continuidade à política, adotada pelo governo paulista na primeira gestão do tucano Geraldo Alckmin (2001-2006), de proibir o acesso dos jornalistas à íntegra dos boletins de ocorrência nas delegacias. Numa consulta feita em um fórum sobre temas jurídicos em 2009, contudo, o assessor admitia não saber se o procedimento que adotava era legal. “Não tenho o conhecimento jurídico adequado para saber se esse documento é ou não público”, escreveu.
Colegas
Moneta não é o primeiro homem da comunicação das polícias paulistas a adotar um comportamento pouco sociável nas redes sociais. Em outubro, o porta-voz da Polícia Militar paulista, major Edson Massera,  sugeriu, também num post de Facebook, que a Ponte Jornalismo seria financiada pelo crime organizado.
Major Massera ao lado do assessor Adriano Moneta

Criticado por entidades como Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Artigo 19 e Conectas, Massera apagou a mensagem e reconheceu que havia errado. Em seguida, fez um pedido parcial de desculpas, dirigido apenas a alguns dos integrantes da Ponte. Antes disso, o major já havia usado o Facebook para afirmar que o ouvidor das polícias devia ser exonerado, que o programa de proteção a testemunhas é um “suborno” e que machismo e feminismo são a mesma coisa.
Pelo visto, tanto o major como o assessor deixaram de seguir um conselho dado pelo próprio Moneta numa palestra a estudantes de jornalismo da Unip (Universidade Estadual Paulista), no ano passado. Na ocasião, o assessor da SSP aconselhou aos universitários: “Quando a gente lida com informação e essa informação tem repercussão social, a gente tem que tomar cuidado”.
Fonte: cartacapital

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