Uma prática moderada de exercícios físicos reduz o risco em 26% nas pessoas geneticamente pré-dispostas. Responsável por ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais, a hipertensão é uma doença silenciosa que afeta cerca de 20% dos habitantes dos países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.
Por Anne Prigent - Le Figaro Santé
A pressão alta é uma história familiar. Quando um dos pais é hipertenso, os filhos multiplicam por dois o risco de se tornarem hipertensos por sua vez. No entanto, é possível afastar a maldição ao praticar uma atividade física regular, de acordo com resultados de um estudo americano publicado na revista Hypertension.
A equipe do Dr Robin Shook da Universidade da Carolina do Sul monitorou durante cinco anos, cerca de 6 mil pessoas, das quais um terço tinha ao menos um parente hipertenso. Quando o estudo começou, todos os pacientes estavam saudáveis e não tinham informado nenhum diagnóstico de pressão alta. Os pesquisadores avaliaram seu nível de atividade física e acompanharam a evolução de seu estado de saúde.
No decorrer de cinco anos, um quarto dessas 6 mil pessoas se tornaram hipertensas. Mas, em indivíduos apresentando antecedentes familiares, o risco de desenvolver essa patologia diminuiu de 34% quando eles praticam um exercício físico regular. Para todos os participantes, uma prática intensiva de recuperação da forma física está associada com uma diminuição de 42% do risco de desenvolver pressão alta. Essa diminuição é de 26% em caso de prática moderada.
Boa notícia: não há necessidade de passar horas na academia para esperar um benefício. «Os resultados deste estudo expressam uma mensagem muito prática: uma quantidade moderada e realista de exercício – isto pode resultar em cerca de duas horas de caminhada rápida por semana – pode trazer muitos benefícios, especialmente em pessoas predispostas a desenvolver um problema de pressão alta, por causa de seu histórico familiar», salienta o Dr Robin Shook.
70% dos hipertensos têm mais de 60 anos
O estudo também mostra que as pessoas esportivas com um histórico familiar de pressão alta viram seu risco de pressão alta aumentar em apenas 16% em relação a atletas sem antecedentes familiares.
Em caso de predisposição genética para a pressão alta, a prática de um esporte de resistência aparece como uma boa maneira de retardar o aparecimento da doença, preservando um pouco mais a saúde das artérias. Pois a pressão alta é um distúrbio do envelhecimento: «70% dos hipertensos têm mais de 60 anos», relembra o professo Xavier Girerd, especialista em pressão alta no Hospital da Pitié-Salpétrière, em Paris.
Esta doença silenciosa, responsável por ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais, afeta cerca de 20% dos habitantes dos países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento. O limiar para ser considerado hipertenso é de 140/90 milímetros de mercúrio. «A pressão alta aumenta de modo contínuo além de certo limite. Não acordamos com 16/11 de um dia para o outro », explica o professor Jean-Jacques Mourad, presidente do Comitê francês de luta contra a pressão alta. «A pressão vai aumentar mais rapidamente à medida que a genética e o ambiente forem desfavoráveis.»
Para o professor Mourad, é agora essencial sensibilizar os homens de 40 anos de idade, cuja pressão arterial se situa nas zonas superiores (13/8) sem ser considerada como patológica. «Pois é nessa idade, que os homens se tornam sedentários, ganham peso.» No entanto, o ganho de peso entre 30 e 50 anos de idade acelera o surgimento da pressão arterial alta. Por outro lado, os homens com excesso de peso, que perdem 5 kg em seis meses e que mantêm esta perda de peso e praticam uma atividade de resistência diminuem em 65% o risco de desenvolverem uma hipertensão nos próximos cinco-dez anos.
Três vezes por semana
Outra vantagem da atividade esportiva: ela age diretamente nas artérias. «O esporte melhora a função das artérias, que irão permanecer jovem por mais tempo e, por conseguinte, secretar menos substâncias que favorecem sua rigidez, como os depósitos de colesterol. O esporte diminui também a atividade do nervo simpático, que aumenta a frequência cardíaca. Ele acelera também o nervo vago envolvido na redução da frequência cardíaca», explica a professora Claire Mounier Vehier, cardiologista no Hospital Universitário de Lille.
Para relaxar as artérias, os médicos recomendam uma atividade de resistência (bicicleta, corrida, natação…) de 20 a 40 minutos, três vezes por semana. Para as mulheres na menopausa, período crítico para o surgimento da pressão arterial, é aconselhável passar para 60 minutos, três vezes por semana… O investimento de tempo pode parecer pesado, mas vale a pena. Pois uma vez a hipertensão diagnosticada, a terapia medicamentosa é necessária para a vida toda. O exercício físico será mais aconselhado do que nunca, para ajudar a baixar a pressão arterial, mas não vai fazê-la sumir.
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