Por Luis Nassif, no jornal GGN
Ontem à noite abri espaço para a capa da Veja com supostas denúncias de Léo Pinheiro da OAS, contra o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. A revista divulgara a capa, mas não o conteúdo da denúncia.
Lendo hoje de manhã, constato que não passou de uma vingança torpe da Lava Jato contra Toffoli, provavelmente devido ao fato de ele ter autorizado a libertação do ex-Ministro Paulo Bernardo.
A facilidade com que se assassinam reputações até de Ministros do STF mostra o grau de apodrecimento das instituições brasileiras.
A rigor, o que diz a matéria:
1. Que certo dia Toffoli pediu dicas para Léo Pinheiro sobre a impermebialização da sua casa. E Léo Pinheiro indicou uma empresa para fazer os serviços.
2. Não há nenhuma prova de que a OAS pagou a empresa. Toffoli diz que ele pagou. Léo PInheiro não diz que a OAS pagou.
3. A revista apresenta como evidência apenas um fato: se Léo Pinheiro mencionou o episódio nos preparativos para a delação, certamente é porque possui mais dados a serem apresentados quando a delação for formalizada. E nada mais disse.
Mas poderia tranquilamente ter ocorrido o seguinte:
1. Irritados com Toffoli, os operadores da Lava Jato exigem de Pinheiro qualquer coisa que envolva o nome do Ministro.
2. Com a qualquer coisa oferecida, procura-se alguma publicação especializada em assassinatos de reputação e publica-se.
3. Mais tarde, se não houver mais nenhuma evidência, fica-se por isso mesmo.
O assassinato de reputação mostra o enorme poder de chantagem que a Lava Jato conquistou. Basta induzir um delator a mencionar qualquer coisa sobre um adversário da operação, para liquidar com seu nome. E tudo isso valendo-se do poder de Estado do qual estão revestidos delegados e procuradores. É a própria essência do Estado policial.
Antes do impeachment, conversei com um MInistro do STF intimidado com os ataques feitos à sua esposa. Procurei acalmá-lo mostrando que nenhuma pessoa com discernimento acreditaria nos factoides divulgados. E ele:
- E as pessoas sem discernimento?
Minhas desculpas aqui ao Toffoli - por quem não nutro nenhuma admiração -, por ter acreditado que a mudança de direção de redação pudesse melhorar o jornalismo de Veja. E, ao STF, o óbvio: "Cria cuervos que te sacarán los ojos".
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