247 – Faltando agora menos de um mês para a votação final do processo de impeachment, que poderá afastar por definitivo a presidente Dilma Rousseff, o presidente interino, Michel Temer, tem intensificado encontros com senadores, com quem faz lobby para conseguir os 54 votos necessários para continuar no poder, ofertando cargos e emendas orçamentárias.
Nesta terça-feira, Temer almoçou com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), e com o senador Romero Jucá (PMDB-RR). O assunto foi a insistência de Temer para antecipar o início do julgamento, que foi marcado para o dia 29 de agosto pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski.
Temer quer que a data seja adiantada para o dia 24 ou 25, e ainda que o Senado trabalhe no final de semana, para acelerar o processo, algo que Lewandowski não concorda. Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), Temer não poderia se reunir com senadores para tratar da data. Trata-se de uma "interferência direta e indevida", denunciou, em vídeo postado na noite de ontem.
Na noite de segunda, o interino passou três horas em um churrasco com senadores do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul na casa do ministro do STF Gilmar Mendes. O motivo divulgado para o encontro foi a comemoração à abertura da exportação da carne brasileira aos Estados Unidos.
Estava presente na confraternização o senador Wellington Fagundes (PR-MT), cujo voto sobre o impeachment ainda não foi declarado. Há um mês, Michel Temer convidou Fagundes, em pleno sábado, para uma conversa no Palácio do Jaburu sobre o orçamento de 2017, que é relatado pelo parlamentar.
Mas os encontros não se limitam aos últimos dias. No final de julho, a mira foi Eduardo Braga (PMDB-AM), que na primeira votação do impeachment no Senado não compareceu à sessão por estar sob licença médica e que até então não havia declarado seu voto.
Temer se reuniu com Braga no Palácio do Planalto no dia 25, oficialmente para discutir o Orçamento de 2017. Os comentários que circulavam em Brasília, no entanto, diziam que o senador já havia se decidido a votar contra Dilma. Em contrapartida, esperava que o interino pudesse acelerar o processo de cassação do governador de Amazonas, José de Melo, no TSE – em caso de cassação, Braga assumiria o governo.
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