Jornal GGN - O ex-presidente Lula praticamente pediu para ser alvo de uma nova ofensiva do judiciário brasileiro quando decidiu recorrer à ONU contra o juiz Sergio Moro, expondo ao mundo os "abusos" da Operação Lava Jato. Na visão da colunista Mônica Bergamo, da Folha, prova dessa retaliação contra o petista foi a decisão da Justiça Federal do DF de tornar Lula réu na Lava Jato exatamente no mesmo dia em que os advogados de Lula anunciaram a ação em Genebra.
A notícia de que Lula virou réu só foi divulgada na sexta, mas o despacho foi assinado na mesma quinta-feira em que os advogados do ex-presidente concederam uma coletiva de imprensa explicando a petição apresentada à Comissão de Direitos Humanos da ONU. No dia seguinte, os jornais também noticiaram que a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) emitiu um nota "repudiando" a decisão de Lula.
"A decisão de Lula de denunciar o juiz Sergio Moro à ONU não teve o apoio consensual de advogados e juristas que são ouvidos pelo ex-presidente. Uma parte deles acha a iniciativa inútil e arriscada, por provocar o corporativismo dos magistrados brasileiros. O resultado seria acirrar os ânimos de integrantes do Judiciário contra o petista", descreveu Bergamo.
"Um dos advogados próximos de Lula chega a chamar a opção do ex-presidente de 'maluquice'. Notas de associações de juízes criticando o petista e o fato de um magistrado do Distrito Federal ter decidido transformá-lo em réu na sexta (29), um dia depois do anúncio de que ele iria à ONU, comprovariam a tese de que a iniciativa pode ter sido um erro político", acrescentou.
"Defensores do petista dizem que a reação era esperada e que a decisão de recorrer à ONU é acertada: a Constituição não estaria sendo cumprida nas investigações contra Lula e "o mundo" precisaria saber disso. Levantamento dos advogados de Lula mostra que a notícia repercutiu em veículos de 48 países."
Lula virou réu na Lava Jato com base na delação de Delcídio do Amaral. O senador cassado admitiu à Lava Jato que ele enviou R$ 250 mil à família de Nestor Cerveró, um dos principais delatores da operação, para tentar comprar seu silêncio. Delcídio teria contado com a ajuda operacional de um advogado e assessor parlamentar. Ele afirmou que os recursos sairam do bolso do filho do pecuarista José Carlos Bumlai. Para obter o benefício de sair da prisão e ir para o regime domiciliar, Delcídio disse que foi Lula quem pediu para dar dinheiro à famílai de Cerveró.
A defesa de Lula diz que a denúncia é frágil, por ter sido feita com base na palavra de um réu confesso que não apresentou provas.
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