"Isso
é uma vergonha", diria o apresentador Boris Casoy. O ex-presidente Lula
foi obrigado a recorrer ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas,
denunciando a violação dos direitos humanos, a falta de imparcialidade e o abuso
de poder do juiz Sergio Moro porque no Brasil, infelizmente, não há justiça. A
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) imediatamente divulgou nota
manifestando repudio à petição de Lula, sob a alegação de que a entidade
internacional não "deve ser utilizada para constranger o andamento de
quaisquer investigações em curso no país e, principalmente, aquelas que têm
como prioridade o combate à corrupção". E acrescentou que o país tem
órgãos de controle, tanto interno quanto externo, que acompanham o trabalho dos
magistrados e que não se deve admitir o uso de outros meios para "tentar
inibir o trabalho" de agentes públicos.
Como
entidade corporativa a AMB está no seu papel de defender seus associados mas,
lamentavelmente, está equivocada nos argumentos. O Brasil possui, efetivamente,
organismo de controle das atividades dos magistrados – mais precisamente o
Conselho Nacional de Justiça e o Supremo Tribunal Federal – mas acontece que
esses órgãos não estão cumprindo o papel para o qual foram criados, simplesmente
assistindo indiferentes aos abusos do juiz Moro, sem um gesto capaz de conter
os seus excessos ou mesmo qualquer ato que reflita seu desagrado diante do
comportamento político-partidário do comandante da operação Lava-Jato. Ele não
recebeu sequer uma advertência quando grampeou a Presidenta da República e
divulgou o conteúdo dos grampos, um crime previsto na própria Constituição.
Tem-se a nítida impressão de que o STF e o CNJ temem a reação da grande
imprensa, que transformou Moro em celebridade.
A
AMB, por outro lado, deveria ser mais imparcial no seu julgamento – tanto
quanto o juiz Moro e outros magistrados – pois ao recorrer à ONU Lula não
pretendeu, obviamente, constranger o andamento das investigações ou quem quer
que seja, muito menos inibir o trabalho dos agentes públicos, mas única e
exclusivamente defender-se da perseguição de que vem sendo vítima por parte
desses agentes públicos, incluindo membros do Judiciário, que estão
visivelmente empenhados em encontrar algo que possa incriminá-lo e justificar a
sua prisão. Embora a sua vida e de seus familiares tenham sido reviradas pelo
avesso, sem que até hoje tenha sido encontrado o mais leve indício da prática
de qualquer irregularidade, Policia Federal, Ministério Público e Judiciário
buscam, de maneira escandalosamente parcial, um motivo subjetivo como, por
exemplo, a INTENÇÃO de obstruir a Justiça, para levá-lo à prisão. Na verdade,
tudo isso faz parte de um plano destinado a bani-lo da vida pública,
impedindo-o de concorrer à Presidência da República.
A
Associação dos Magistrados vê na petição de Lula parte das "manobras para
intimidar a atividade desempenhada pelos juízes brasileiros", o que é um
absurdo, e não enxerga as manobras do Ministério Público e da Operação
Lava-Jato para criminalizar o ex-presidente operário. Só um cego – ou quem
assumiu posições político-partidárias e está comprometido com projetos de poder
– não vê a completa falta de isenção na condução das investigações que envolvem
Lula. O combate à corrupção, que se tornou realidade graças aos governos
petistas, não pode servir de pretexto para arbitrariedades. Enquanto corruptos
confessos e outros contra os quais existem montanhas de provas continuam
incólumes, inclusive integrando o governo interino sem serem incomodados, persegue-se
encarniçadamente um ex-presidente da República contra quem não existe
absolutamente nada. Diante disso, para ele não restou outra alternativa senão
buscar justiça num organismo internacional, já que os nacionais não mais
merecem confiança.
A
AMB aproveitou a oportunidade para incluir em sua nota uma critica ao projeto
de lei, em tramitação no Senado, destinado a por um freio no abuso de
autoridade que se tornou rotina em vários setores, inclusive no Judiciário. Diz
a associação que o texto do projeto "é uma clara tentativa de amordaçar a
magistratura brasileira. Nas entrelinhas, o projeto prevê uma série de
penalidades para tentar paralisar juízes e juízas, além de procuradores e
policias, por desempenharem o seu ofício como determina a legislação". É
claro que a proposta não tem o objetivo de amordaçar ou paralisar a
magistratura mas, apenas, de impedir excessos e abusos que, hoje, saltam aos
olhos inclusive de renomados juristas. Já que o CNJ e o STF não tomam nenhuma
providência para conter injustiças ou estrelismos de magistrados que se
tornaram celebridades, porque fazem precisamente o que a grande imprensa
deseja, nada mais justo que o Legislativo, que faz as leis, corrija essa falha
ou negligência. Os magistrados, afinal, não são deuses, perfeitos, mas seres
humanos como qualquer outro, com as mesmas emoções e sentimentos e, portanto,
sujeitos a mesmas falhas. Por que os demais mortais podem ser punidos por seus
erros e os magistrados não? Além disso, se não cometem abusos por que devem temer
a nova lei?
Fonte:
brasil247
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