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FOLHA: FARRA FISCAL DE TEMER QUEBRARÁ EMPRESAS



247 – Aos poucos, os grupos que apoiaram o golpe de 2016 começam a se dar conta do estrago econômico causado por esse processo.

Alguns dias atrás, a jornalista Eleonora de Lucena, ex-editora da Folha, publicou artigo apontando que a elite brasileira deu um tiro no próprio pé ao apoiar o golpe – para destruir o PT, decidiu destruir o Brasil (leia mais aqui).

Agora, a própria Folha publica importante editorial, chamado A mosca azul, que mostra como a farra fiscal promovida pelo interino Michel Temer pode quebrar o País e várias empresas do setor privado. O motivo: para se consolidar no poder da República, Temer abre os cofres da República.

"O desastre nas contas públicas federais continuou evidente ao fechar-se o primeiro semestre. A despesa não financeira da União, de R$ 573 bilhões (19% do PIB) superou a receita em R$ 33 bilhões. No segundo semestre, apesar da provável retomada discreta da economia, o buraco fiscal vai se aprofundar. A meta do Planalto é fechar o ano com um deficit de R$ 170 bilhões, cerca de 3% do PIB, de resultado primário (saldo antes de computada a despesa com juros)", diz o texto.

Em seguida, a Folha aponta a lógica política de Temer – gastar e fazer concessões. "Já causa incômodo a fleuma do governo provisório de Michel Temer (PMDB) diante do descalabro nas contas públicas. O teto de gastos, cuja aprovação parece ser a única promessa deste ano na área fiscal, não é terapia que desobstrua a principal artéria da finança federal, justamente a Previdência. Para piorar, Temer tem sido pródigo em reajustes para servidores públicos. Na última concessão, acenou com 37% de aumento para delegados da Polícia Federal."

A consequência disso, diz a Folha, será a manutenção dos juros altos (os maiores do mundo), com consequências nefastas para a dívida pública e para o setor privado. "Os juros, advertiu o Banco Central, não cairão antes de ser equacionado o nó das contas da União. Se o custo do dinheiro permanecer elevado por muito mais tempo, uma onda de quebras de empresas endividadas não poderá ser descartada. Esse risco já se prenuncia na alta de provisões contra calotes nos balanços dos bancos que fornecem crédito às companhias", diz o editorial. "A complacência de Temer e seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na área fiscal sugere que foram picados pela mosca azul da ambição eleitoral em 2018. Se não baixarem os olhos para o chão acidentado logo à frente, vão tropeçar."

O editorial começa a apontar, portanto, como o golpe de 2016 sangrou a economia brasileira e deixou uma conta que irá demorar muitos anos para ser paga.

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