O
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não tem mais como
blindar o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves. A avaliação é do
deputado Padre João (PT-MG), que cita as novas delações da Operação Lava Jato
que trazem mais denúncias contra o tucano. Em uma delas, o ex-presidente da
construtora OAS, Léo Pinheiro, disse - nas negociações para o acordo de delação
- que o senador teria recebido comissão das empresas que construíram o centro
administrativo do Estado de Minas Gerais, que custou R$ 1,2 bilhão. Aécio já é
alvo de duas investigações no STF, relatadas por Gilmar Mendes, sobre o esquema
de desvio de recursos em Furnas e sobre o mensalão do PSDB mineiro.
De
acordo com reportagem publicada pela revista Veja, no final de semana, Léo
Pinheiro informou que a OAS teria pagado a Aécio 5% do valor recebido pela sua
parte no empreendimento, construído por nove empreiteiras. Pinheiro, segundo a
revista, deu detalhes sobre o pagamento da propina que era entregue por
operador da empreiteira em dinheiro vivo a um intermediário do senador.
Ainda,
segundo a Veja, Aécio Neves também é citado nas delações de Marcelo Odebrecht,
da empreiteira que leva seu nome, de receber, por fora, recursos para a sua
campanha presidencial de 2014.
Busca
e apreensão - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a
solicitar uma ação de busca e apreensão no Senado para coletar dados para o
inquérito que apura a acusação de que o senador Aécio Neves atuou para
“maquiar” dados sobre o Banco Rural, cujo objetivo seria esconder a existência
do mensalão mineiro durante a CPI dos Correios, em 2005. A medida, no entanto,
foi abortada depois que o Senado garantiu que daria acesso irrestrito aos
documentos.
No
entanto, Janot determinou, na última semana, que documentos do arquivo da CPI
dos Correios sejam lacrados para impedir “alteração em possíveis provas”. O
senador tucano teria tido acesso aos documentos nos últimos dias para preparar defesa
a ser apresentada ao Supremo.
A
suspeita sobre Aécio Neves foi levada à PGR pelo senador cassado Delcídio do
Amaral, delator da Operação Lava Jato. Ele afirma que Aécio teria atrasado o
envio de dados do Banco Rural à CPI para “apagar dados bancários
comprometedores” e evitar que a apuração sobre fraudes na instituição levasse a
nomes do PSDB.
Receio
– Padre João disse que para ser justo o Judiciário e o Ministério Público têm
que levar adiante e apurar a fundo todas as denúncias de irregularidade contra
Aécio Neves. “O meu receio é de que tudo não passe de um jogo de cena. Se por
um lado temos o procurador pedindo a investigação, o processo está nas mãos de
Gilmar Mendes, que todos conhecem como o advogado dos tucanos na Suprema
Corte”, afirmou.
Na
avaliação do deputado do PT mineiro, é preciso ficar atento, acompanhar e
cobrar as investigações. “Eu mesmo já fui mais de três vezes à PGR denunciar as
atitudes do senador tucano e vou continuar acompanhando e cobrando que as
instituições cumpram o seu papel”.
Furnas
– O procurador-geral da República também mandou dar seguimento ao inquérito que
apura os supostos crimes cometidos pelo tucano em Furnas. Segundo lista do
lobista Nilton Monteiro, autenticada pela Polícia Federal, Aécio Neves recebeu
R$ 5,5 milhões. Na última semana Gilmar Mendes questionou à PGR se era mesmo
necessário dar seguimento às investigações. Janot considerou “imperioso”
investigar, uma vez que há novas provas sobre as denúncias. Entre elas, os
depoimentos de Delcídio do Amaral (sem-partido-MS), nos quais Aécio foi citado
como recebedor de “pagamentos ilícitos”, pagos pelo ex-diretor de Furnas Dimas
Toledo.
Segundo
a Procuradoria, o pedido de inquérito teve como base também informações
prestadas pelo doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da Lava
Jato. Youssef relatou que ouviu dizer que Aécio recebia valores, por intermédio
de sua irmã, da empresa Bauruense, contratada por Furnas.
Com
isso, serão executadas as diligências requeridas pela Procuradoria-Geral da
República, como o depoimento do senador em 90 dias.
Foto:
Divulgação.
Fonte:
participardapolitica
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