247 - O Diretório Nacional do PT divulgou nesta terça-feira (17) uma resolução em que faz críticas ao partido e ao governo Dilma Rousseff. O texto afirma que o processo de impeachment é um "golpe sem base legal" e diz que é preciso avaliar "de forma autocrítica, os erros cometidos" pelo partido e pelos governos petistas. O partido propõe que Dilma, caso reassuma a presidência, apresente um compromisso público para uma ampla reforma política e medidas que retomem o desenvolvimento.
No documento, o partido critica o que chama de “esgotamento do modelo econômico” e as alianças partidárias do governo. A resolução também afirma que a operação Lava Jato desempenhou "papel crucial na escalada golpista".
[A operação Lava Jato] configurou-se paulatinamente em instrumento político para a guerra de desgaste contra dirigentes e governantes petistas, atuando de forma cada vez mais seletiva quanto a seus alvos", diz o texto.
"O avanço do movimento golpista, no entanto, somente poderá ser corretamente entendido se avaliarmos, de forma autocrítica, os erros cometidos por nosso partido e nossos governos", diz a resolução.
O documento afirma que o partido foi “contaminado pelo financiamento empresarial de campanhas” e acabou envolvido “em práticas dos partidos políticos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita”.
Além disso, a avaliação dos petistas é que, uma vez no poder, a legenda não se dedicou, com a “devida atenção e perseverança”, a costurar uma aliança estratégica com partidos populares e movimentos sociais.
“Acabamos reféns de acordos táticos, imperiosos para o manejo do Estado, mas que resultaram num baixo e pouco enraizamento das forças progressistas, ao mesmo tempo em que ampliaram, no arco de alianças, o poder de fogo de setores mais à direita”, afirma o documento.
Outra autocrítica feita pelo PT é a demora para perceber o “esgotamento” do modelo econômico que vigorou de 2003 a 2010. “O desequilíbrio fiscal recolocou o país em uma encruzilhada: acelerar o programa distributivista, como havia sido defendido na campanha da reeleição presidencial, ou aceitar parcialmente a agenda do grande capital”, pondera a legenda, ressaltando que o governo acabou optando pelo segundo caminho.
Em outro trecho, o documento diz que o PT incorreu “em um equívoco político” ao não tomar a frente de “tarefas fundamentais como a reforma política, a reforma tributária progressiva e a democratização dos meios de comunicação".
Para os dirigentes petistas, “apesar dos esforços constantes” para “corrigir estes desvios”, ficou claro que “suas sequelas debilitaram o PT e fragilizaram o conjunto da esquerda frente à escalada golpista”.
O PT defende que, diante do afastamento de Dilma, a sigla articule uma combinação “de todos os tipos de ação massiva e combate parlamentar para inviabilizar” as medidas “impopulares” do governo do presidente em exercício, Michel Temer, de modo a “denunciar seu caráter ilegal e impedir sua consolidação no comando”.
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