Lula da Silva é suspeito de traficar influências para favorecer construtora brasileira. Noticia falsa |
Justiça
brasileira não está a investigar alegado tráfico de influências de Lula em
Portugal
MARIANA
OLIVEIRA
Primeiro-ministro
português garante que ex-Presidente do Brasil não tentou “meter nenhuma cunha
para nenhuma empresa brasileira”.
A
investigação ao ex-presidente brasileiro Lula da Silva por suspeitas de tráfico
de influência junto de políticos estrangeiros com o objectivo de favorecer a
construtora Odebrecht, não tem, para já, qualquer ligação a Portugal. Não
existe, por isso, qualquer pedido de cooperação internacional no âmbito deste
processo aberto pelo Ministério Público de Brasília há quase duas semanas,
garantiu ao PÚBLICO fonte oficial daquele organismo.
Numa
nota divulgada há dias pela Procuradoria da República no Distrito Federal dá-se
conta que “a investigação se refere à possível actuação do ex-Presidente junto
a agentes políticos de países da América Latina e da África”, entre 2011 e
2014.
Esta
investigação começou em Abril na sequência de uma notícia do diário O Globo,
que referia que Lula tinha feito, em Janeiro de 2013, um périplo por Cuba,
República Dominicana e Estados Unidos, num jacto privado pago pela Odebrecht.
Segundo o jornal brasileiro, essa viagem aparecia num documento que solicitava
o serviço como “voo completamente sigiloso” e oficialmente não tinha qualquer
relação com actividades da construtora naqueles países.
Lula
foi a um evento da Unesco sobre o clima, visitou o presidente da República
Dominicana e falou num congresso de trabalhadores nos EUA. Para evitar que
fosse ligada ao voo, a Odebrecht usou uma empresa sua parceira para pagar a
despesa: a DAG Construtora, da Bahia. O voo custou 435 mil reais, à data cerca
de 160 mil euros.
Na
maior parte da viagem, o ex-Presidente esteve acompanhado pelo então director
de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar. Este responsável
está preso preventivamento há pouco mais de um mês no âmbito da operação Lava
Jato, que expôs a teia de corrupção, desvios de dinheiro e troca de favores em
torno da estatal petrolífera Petrobras.
A
investigação a Lula da Silva é completamente autónoma da Lava Jato, estando a
ser conduzida por unidades diferentes do Ministério Público brasileiro. A que
visa Lula está no Ministério Público do Distrito Federal, em Brasília, e a da
Lava Jato, no do Estado do Paraná, em Curitiba. Neste último processo foi
remetido para Portugal um pedido de cooperação internacional confirmado esta
segunda-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR) portuguesa. “O teor do
pedido formulado pelas autoridades brasileiras é de natureza reservada”, refere
a PGR.
Apesar
de as investigações serem independentes, o Ministério Público de Brasília
solicitou ao procurador titular do Lava Jato cópia de todos os documentos
apreendidos no âmbito daquele inquérito que se relacione com obras executadas
fora do Brasil e tenham sido financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Económico e Social. “Ou tenham qualquer possível relação com Luiz Inácio Lula
da Silva bem como cópia de dados bancários relativos a possíveis depósitos
realizados pelas empreiteiras investigadas na referida operação em contas de
Luiz Inácio Lula da Silva, da LILS Palestras, Eventos e Publicidade ou do
Instituto Lula”, lê-se no despacho que converte a averiguação aberta em Abril
num procedimento criminal.
Vários
telegramas diplomáticos do embaixador do Brasil em Lisboa foram divulgados
anteontem pelo Globo, como prova de que Lula da Silva fez lobby para a
Odebrecht. O artigo basea-se em documentos solicitados oficialmente pelo jornal
ao Ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro. Num dos telegramas lê-se
que “o ex-Presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF [Empresa
Geral de Fomento] ao PM Pedro Passos Coelho que reagiu positivamente ao pleito
brasileiro”.
O
primeiro-ministro português reagiu esta segunda-feira, garantindo que reuniu
com o ex-Presidente do Brasil três vezes, mas em nenhuma delas Lula da Silva
tentou “meter nenhuma cunha".“Deixe-me usar uma expressão que eu acho que
toda a gente percebe: o ex-Presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma
cunha para nenhuma empresa brasileira”, afirmou. Passos diz não ter conversado
“sobre casos muito específicos” e que não tem “ideia nenhuma de algum caso em
concreto” lhe ter sido mencionado. Quanto à Odebrechet - cujo nome nunca
pronunciou nesta declaração – e o seu possível interesse na EGF, o governante
salientou que esta última empresa foi privatizada “sem que sequer qualquer
empresa brasileira tivesse apresentado proposta alguma”. com Maria do Céu Lopes
Fonte:
publico
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