Em mais de 100 horas de gravação e 288 vídeos obtidos pela Folha de S. Paulo com relatos inéditos de delatores sobre o envolvimento de políticos na Operação Lava Jato, o jornal conseguiu detectar pouco mais de cinco minutos em que operador do PMDB no esquema, Fernando Baiano, cita a presidente Dilma Rousseff. Após uma sequência de induções nas perguntas do investigador, Baiano diz: "Que eu tenha conhecimento, só [o Delcídio de agente político teria envolvimento no caso]. Eu não posso [induzir]... Mas o que todo mundo fala, comentários que eu ouvi, depois da história de que a Dilma disse que ela não sabia de nada, o que todo mundo fala é 'como é que ela não sabia de nada'?".
A resposta de Fernando Baiano foi toda embasada no que o operador escutou do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e não de fatos que ele próprio tenha presenciado. Baiano explicou ao investigador que, "em algumas conversas" que teve com Cerveró, o ex-diretor teria contado que um relatório, juntamente com um resumo, sobre todas as atividades relacionadas à compra da refinaria de Pasadena, assim como ocorre em todos os negócios fechados pela Petrobras, é entregue aos conselheiros do Conselho de Administração da estatal.
"Segundo o que ele [Nestor Cerveró] me falou, esse material foi entregue para todos os conselheiros. Se alguém diz que não teve acesso, é porque não leu o que foi entregue. Ou se deu o trabalho de simplesmente ler o resumo, porque no resumo não tem tudo. Mas, em si, quem se deu ao trabalho de ler [o relatório completo], estaria tudo ali", disse.
Baiano completou a declaração opinando que, se ele fosse um dos conselheiros, "leria tudo". "Então, eu não sei realmente o que aconteceu com esse caso, mas o que todo mundo fala é que tudo foi disponibilizado", disse, finalizando em seguida: "Eu não tenho conhecimento realmente de nenhuma tratativa".
Após a afirmação, o investigador insistiu: "Além desse comentário que ele [Nestor Cerveró] fez a você, do que ele viria a saber, ele afirmou alguma coisa mais concreta com relação ao real conhecimento, por parte dela [Dilma Rousseff], que era a presidente do Conselho, do conhecimento de que havia irregularidades na compra, que eventualmente acarretaria prejuízo à Companhia?".
E Baiano respondeu:
"Que ela soubesse de irregularidades disso, daquilo, eu nunca ouvi falar".
Em seguida, o lobista falou sobre outra suspeita do esquema referente a uma proposta, que eles chamavam de "Revamp", por parte da Diretoria de Serviços da estatal para ampliar e modernizar o negócio de Pasadena, nos Estados Unidos, e que esse projeto "custaria alguma coisa em torno de 3 a 4 bilhões de dólares", e que "envolveria partidos políticos nesse acerto", disse Baiano, sem mencionar quais partidos.
Apesar disso, o jornal afirma, na introdução do vídeo que Baiano "ironizou o papel da presidente Dilma no Conselho de Administração da Petrobras". Ainda, na introdução da reportagem, a Folha afirma que "os relatos implicam políticos do governo e da oposição".
Fonte: ggn
Fonte: ggn
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