A
devastação provocada pelos rejeitos das duas barragens da Samarco -Vale em
Mariana, evidenciavam que não se tratava de um acidente. Além do desastre socioambiental,
a falta de um simples plano de emergência, as denúncias feitas pela população
atingida e a conduta da empresa apontavam na direção de um crime
no
Vermelho
Segundo
o MP, a licença prévia para a obra em Mariana foi concedida, em 2007, pelo governo
tucano sem a apresentação do projeto executivo pela mineradora, que reúne todas
as informações de uma intervenção deste porte.
“O
Ministério Público, desde o início, analisou o licenciamento com a maior
profundidade possível. Podemos apontar com grande exatidão que ele
(licenciamento) foi decisivo para que ocorresse essa tragédia”, enfatizou o
promotor Carlos Eduardo Ferreira, um dos responsáveis pelo caso, em entrevista
ao Globo.
O
rompimento da barragem provocou a morte de 17 pessoas e contaminou boa parte da
extensão do Rio Doce chegando ao litoral do Espírito Santo e, segundo órgãos
ambientalistas, os resíduos podem ter até alcançado o litoral sul da Bahia e o
Arquipélago de Abrolhos.
“O
licenciamento todo é uma colcha de retalhos. Cheio de inconsistências, omissões
e graves equívocos, que revelam uma ausência de política pública voltada à
proteção da sociedade. Esse licenciamento foi obtido em tempo
inacreditavelmente rápido”, ressalta o promotor.
Para
ele, as investigações confirmam que a tragédia em Mariana era iminente. “Nós
podemos classificar esse rompimento como um desastre já anunciado, a pergunta
que fica é: quantos empreendimentos como esse ainda temos no estado de Minas
Gerais e no Brasil?”, indagou.
De
acordo com as investigações do Ministério Público de Minas Gerais confirmam
essas suspeitas, pois existe uma irregularidade na liberação do governo
estadual, na época comandado pelo tucano Aécio Neves, para a construção da
barragem que rompeu em novembro 5 de novembro.
Ainda
segundo o MP, os técnicos do governo solicitaram a realização de um estudo
sobre o escoamento da água, que não foi apresentado. A barragem fica ao lado de
uma chamada “pilha de estéril” de propriedade da Vale, empresa dona da Samarco.
Essa pilha acumula materiais descartados durante a mineração é exigia a
instalação de um processo de drenagem, devido à proximidade com a barragem,
caso contrário, não aguentariam.
A
Samarco-Vale afirmou por meio de seu advogado que as informações a empresas
“julgava” necessárias para a construção da barragem foram apresentadas. No
entanto, o atual subsecretário de Regularização Ambiental de Minas Gerais,
Geraldo Abreu, disse que as informações não apresentadas pela empresa durante o
processo de licenciamento foi um “erro grave”.
A
Vale novamente tentou empurrar a responsabilidade exclusiva do fato para a
Samarco. Segundo a mineradora, a Samarco era a responsável por resolver o
assunto e que nunca houve contato entre a pilha e a barragem. No entanto,
relatório da VogBr (empresa que atestou a estabilidade de Fundão), recomendou
em 2013 que a Samarco apresentasse um projeto de drenagem diante do risco de
rompimento.
Além
disso, o engenheiro Joaquim Pimenta de Ávila, responsável pelo projeto, disse
em depoimento à Polícia Federal que avisou à Samarco, após uma inspeção feita
em 2014, sobre um princípio de ruptura na barragem.
“Identifiquei
na inspeção que a barragem tinha sofrido um princípio de ruptura e que isso
significava uma situação de risco que deveria ser mitigada. Indiquei três providências:
redimensionar o reforço (na barragem), instalar piezômetros (instrumentos que
medem a pressão da água) e, se indicassem pressão elevada, rebaixar o nível da
água (bombeando-a para fora da barragem)”, disse ele.
Do
Portal Vermelho, com informações de O Globo
Fonte:ocafezinho
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