Processada
por seus pares após determinar a expedição de alvarás de solturas a presos que
estavam encarcerados além do tempo disposto na sentença, a desembargadora
Kenarik Boujikian recebeu apoio de peso de grande parte do meio jurídico, que
se organiza nas redes sociais para que ela não sofra nenhum tipo de punição.
A
Desembargadora, conhecida pelo seus posicionamentos favoráveis aos Direitos
Humanos e por ser co-fundadora da Associação Juízes para Democracia (AJD), foi
processada por um dos integrantes da turma. Segundo o desembargador que moveu o
processo, Amaro José Thomé Filho, Kenarik teria violado o princípio da
colegialidade, uma vez que determinou a soltura sem levar a questão à Câmara.
Nos processos em que a desembargadora soltou os acusados que estavam presos
além do tempo de sentença a Câmara revertou a decisão e determinou a prisão de
todos.
O
caso, que já corre desde agosto de 2015, veio à tona após a divulgação do
parecer técnico elaborado pelo Professor da Universidade de São Paulo (USP)
Maurício Zanoide de Moraes. Para o Professor, a determinação da soltura dos
acusados tem natureza de Habeas Corpus (HC) ex officio, previsto no artigo 654,
parágrafo 2º do Código de Processo Penal. Além disso, afirma Zanoide, a decisão
cautelar do HC não viola o colegiado, pois não o priva da análise da matéria.
A
sessão do julgamento está marcada para o dia 27 de janeiro.
Apoio
maciço nas redes sociais
Diversos
Magistrados manifestaram apoio à desembargadora pelas redes sociais, como os
juízes Alexandre Morais da Rosa, do TJSC, Sayonara Grillo Coutinho Silva,
desembargadora no TRT 1ª Região, além dos juízes e colunistas do Justificando
Marcelo Semer, Rubens Casara e Gerivaldo Alves Neiva.
"A
desembargadora Kenarik Boujikian nos faz acreditar que existe luz no mundo
jurídico. A Associação Juízes para a Democracia é um reduto de resistência à
legalidade autoritária" - afirmou o Delegado de Polícia Orlando Zaccone.
A
organização de DDH - Instituto de Defesa aos Direitos Humanos emitiu uma nota
nas redes sociais, onde manifestou "irrestrita solidariedade" à
desembargadora, "que está sendo alvo de um injusto processo administrativo
disciplinar por ter expedido alvarás de soltura de dez réus que estavam presos
preventivamente há mais tempo do que a pena fixada em suas sentenças".
"Kenarik
é exemplo de magistrada comprometida com os direitos humanos e com a luta
contra a expansão do Estado Penal, motivo pelo qual nos colocamos na torcida
para que tão despropositado processo disciplinar se mostre infrutífero" -
afirma a nota.
Em
nota, o Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), afirmou esperar "que
a corregedoria decida pela improcedência da representação em sua decisão o
importante papel que a desembargadora Kenarik desempenha no Tribunal em busca
da efetivação de Direitos das pessoas mais vulneráveis e dos valores mais nobres
da Justiça"
Fonte:
Justificando
1 Comentários
Um absurdo que não deveria acontecer, como bem disseram na matéria "existe luz no mundo jurídico".
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