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TEMER TERIA SACRIFICADO PREVIDÊNCIA POR DELÍRIO DE CANDIDATURA À REELEIÇÃO



Reforma perde para chances de reeleição

VALOR - Por Raymundo Costa | De Brasília



Temer no Rio: presidente voltou a cogitar a reeleição porque nenhum candidato do centro para a direita decolou


No tabuleiro da sucessão, o presidente Michel Temer sacrificou a reforma da Previdência por uma possível candidatura à reeleição. Não está nos planos do governo suspender a intervenção federal no Rio de Janeiro para votar a proposta. A menos que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em algum momento diga o contrário do que até agora tem afirmado: 'Há votos suficientes para aprovar'.

A intervenção no Rio de Janeiro também reduz as possibilidades da candidatura presidencial do ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Não há espaço para duas candidaturas no campo governista em disputa. O governo, evidentemente, não assume o caráter eleitoral da medida. "É uma decisão de política pública", diz o ministro Moreira Franco, da Secretária-Geral da Presidência, um dos principais articuladores da intervenção no Palácio do Planalto.

Na realidade foi conveniente. Com o descontrole da segurança no Rio, o próprio governador do Estado lavou as mãos. O governo só precisou coragem para implementar uma medida que, se tiver sucesso, vai beneficiá-lo.

Antes de intervir no Rio, o presidente Temer foi a Roraima tratar da crise humanitária provocada pela fuga em massa de venezuelanos pela fronteira brasileira. O presidente pode tomar outras medidas de impacto. A comunicação do Planalto está empenhada a fundo na tarefa de realçar a figura presidencial de Michel Temer, e com isso ir atrás dos pontos de aprovação nas pesquisa que faltam para o presidente viabilizar um projeto de reeleição em 2018.

No elenco de medidas está o Ministério da Segurança. Tratar a iniciativa como gesto para agradar a "bancada da bala", como chegou a ser feito até em certos gabinetes do Planalto, é puro reducionismo. Desde o ano passado o presidente se empenha na formação de uma aliança de centro-direita que possa apresentar um candidato às eleições presidenciais - ele próprio, se for possível. Se a intervenção no Rio der certo, o governo tira o discurso e assume a bandeira da segurança que hoje tem um dono - o deputado Jair Bolsonaro, o segundo colocado nas pesquisas, provável candidato do PSL. Não foi por outro motivo que Bolsonaro foi um dos primeiros a condenar acidamente a decisão.

Um dos principais conselheiros de Temer, o ex-presidente José Sarney costuma dizer que qualquer governo, mesmo no chão das pesquisas, é capaz de conseguir entre 17% e 20% para um candidato a presidente. Muitos entendem a expressão de Sarney como uma receita fisiológica. Isso também. Mas a Presidência da República tem instrumentos a mão muito mais poderosos, como se vê agora na intervenção federal (o PT, quando chegou ao governo, tentou algo parecido no setor da Saúde do Rio, para desestabilizar a candidatura do ex-prefeito Cesar Maia às eleições presidenciais de 2006).

A questão agora é o risco. A solução para a segurança do Rio não se dará do dia para a noite, mas a situação é tão dramática que até uma mudança cosméstica pode ter efeito sobre o ânimo da população sobressaltada. Pode não beneficiar eleitoralmente o presidente Temer, mas um candidato da situação. Na aliança de centro-direita sonhada no Palácio do Planalto, liderada pelo MDB, cabem DEM, PP, PR, PTB, PRB e outros semelhantes.

A reforma da Previdência, peça a ser sacrificada no altar da reeleição, cada vez mais parecia ao governo uma medida a ser deixada para o próximo presidente - por absoluta falta de votos. E a esta altura, a pouco mais de seis meses da eleição, entre agradar o mercado e a população não só do Rio, não foi difícil a decisão do governo. Até porque sabe-se, no Planalto, que os mercados já "precificaram" o enterro da proposta, que deve voltar no próximo governo talvez até em termos bem mais duros.

Temer voltou a cogitar a reeleição porque nenhum candidato do centro para a direita decolou, após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornar-se inelegível pela Lei da Ficha Limpa. Sem ele nas pesquisas, apenas Bolsonaro se manteve na casa dos dois dígitos, ainda assim no mesmo patamar a que chegou no meio do ano passado. O governo Michel Temer decidiu ser protagonista na eleição e dentre as várias medidas que vem adotando a mais popular - e a de mais alto risco - é a intervenção na segurança pública do Rio. Enquetes feitas na internet mostram que, pelo menos no primeiro momento, a população aplaudiu.



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