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O silêncio dos intolerantes





Jornalistas do mundo inteiro e cientistas políticos tentam entender a apatia do povo brasileiro, diante da pior crise econômica e política da História Republicana. 14 milhões de desempregados, direitos trabalhistas surrupiados, aposentadoria só para alguns privilegiados, aumento de impostos no lombo dos pobres, um Congresso venal que descaradamente aceita suborno para livrar Michel Temer de ser processado e cassado, e as ruas caladas.

Concordo em parte com o que diz o brasilianista Peter Hakim, de que a sociedade está polarizada, o que impede as pessoas de se unirem. Mas tenho absoluta convicção de que essa polarização não decorre de posições ideológicas divergentes entre direita e esquerda – conceitos que a maior parte da população desconhece, mas sim pela manipulação de outros sentimentos, estes verdadeiramente consolidados na sociedade. O preconceito é um exemplo. Não há como desconectar a questão racial das políticas de direitos humanos. No entanto, quantos não se reconhecem racistas, mas vivem condenando o principal instrumento que separa a civilização da barbárie?

E na esteira do negro vai a pobreza. E quando um governo prioriza investimentos na pobreza, a Casa Grande se rebela. Basta olhar o perfil do agressor que se esconde atrás das redes sociais, para comprovar o que estou dizendo. Não entendem nada sobre comunismo, capitalismo, nunca leram um livro de História, filosofia ou sociologia, são apenas papagaios repetindo cantilenas sobre Cuba, Venezuela, "minha bandeira não é vermelha", etc. Mas tudo isso não passa de camuflagem para esconder aquilo que está no DNA dessa gente, que é o preconceito e a intolerância.

A classe média está calada, sofrendo o peso das decisões políticas que vem de cima, com a violência crescente que vem de baixo - fruto do aumento da miséria -, por uma única razão histórica e cultural: a roubalheira branca é aceita pela sociedade, desde as Capitanias Hereditárias.

Isso explica a apatia diante de uma sentença absurda, que condenou um negro a onze anos de prisão por estar portando um frasco de Pinho Sol numa manifestação de rua, em contraste com a "punição", na forma de internação hospitalar, de um traficante, filho de desembargadora, flagrado com mais de cem quilos de maconha. A roubalheira branca é punida com tornozeleira eletrônica, processos se arrastam até a prescrição, não existe prêmio para delações que citem essa gente e seus partidos.

Michel Temer personifica o senhor do engenho que veio para botar ordem na senzala. E a classe média, tal qual Chalaça, vive na esperança de dias melhores, com a restituição dos privilégios exclusivos com o dinheiro público. Onde já se viu gastar dinheiro com pobres nesse país? Essa é a origem de todo ódio aos governos Lula/Dilma. Procure no Google o que essa turma do Movimento Brasil Livre acha dos programas Bolsa Família, Fies, Minha Casa Minha Vida para entender o que estou falando.

Essa é a lógica da sociedade que nunca renunciou à História de opressão da elite sobre as minorias. Compreender essa realidade é compreender o silêncio das ruas. Essa gente acredita que vive uma fase de transição, necessária para anular todas as conquistas da base da pirâmide. E que o sacrifício vai valer a pena, com a prerrogativa de viajar de avião sem a presença inconveniente de um pobre.

Fonte: brasil247

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