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Aécio, o bicho-papão do Supremo





O Brasil mudou. Para pior, desde o golpe que destituiu a presidenta Dilma Roussef e alçou o vice Michel Temer à Presidência. Em mais de um ano de desgoverno, período em que todos os setores de atividades do país sofreram graves danos, não há um só número positivo. Temer, no entanto, com apenas 7% de aprovação, afirma cinicamente que o país vai bem e tudo está melhorando, a começar pela economia. Embora não haja uma crise institucional, as instituições parece que enlouqueceram: o Executivo, comandado por um corrupto carimbado pela Policia Federal e recheado de investigados, usa sua máquina para caçar abertamente os adversários; o Legislativo está mais preocupado em salvar a pele de parte dos seus membros, também acusados de corrupção, esquecendo seus deveres para com o povo que representa; e o Judiciário politizado escancara, sem o menor pudor, simpatias partidárias, tomando decisões em que se mostra rigoroso com alguns e condescendente com outros. O povo, decepcionado com os políticos, busca novas lideranças fora da classe política, o que produziu o fiasco João Dória. Outros mais radicais chegam a ver no fascista Jair Bolsonaro uma solução, indiferentes ao que de pior ele representa. Na verdade, o povo não sabe mais em quem confiar e, por isso, fica perdido na busca de alguém que possa representar seus anseios. Só sobrou Lula.

Recente pesquisa do Datafolha revelou que hoje a instituição de maior credibilidade no Brasil são as Forças Armadas que, mesmo acompanhando de perto as medidas desastrosas do governo Temer, tem se mantido discretamente nos quartéis, o que não significa que estão de braços cruzados vendo o desmonte do país, inclusive a destruição de nossa soberania. Recorde-se que muita gente já foi para as ruas pedir a intervenção militar, sem atentar para o que isso significaria para a democracia. Na verdade, as Forças Armadas são a única instituição que se mantém incólume nesse caos que se instalou no país, com a contribuição da mídia, mas por enquanto tem preferido que a solução para os problemas da Nação seja extraída da própria Constituição. Até quando, ninguém sabe, mas evidentemente tudo vai depender dos próximos passos decorrentes das denúncias contra Temer e da reação do povo diante do julgamento do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro. Tudo pode acontecer, até porque no caos que se estabeleceu as instituições, à exceção das Forças Armadas, perderam o respeito por si mesma e pelas outras. E o exemplo mais gritante desse estado de coisas é o estranho comportamento do Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça do país, que tem sido acusada de leniente com os desrespeitos à Constituição.

O recente "sorteio" do ministro Gilmar Mendes, reconhecido tucano, para relator de três processos contra o senador afastado Aécio Neves, soou como um deboche. Todo mundo ironizou o "sorteio", comparado até com máquinas caça-níqueis de bares do subúrbio. Fica a impressão de que as decisões na Suprema Corte são combinadas de acordo com interesses políticos não confessados, já que a presidenta, ministra Carmen Lúcia, não emite nenhum sinal quanto a corrigir escandalosas distorções como essa, em que Gilmar é sempre "sorteado", coincidentemente, para todo processo que envolve interesses de tucanos, em especial de Aécio. Um movimento popular para que ela substitua o ministro já tem mais de 10 mil assinaturas, o que evidencía a desconfiança da população com esses "sorteios". Gilmar já demonstrou que não fica nem um pouco preocupado com o que possam pensar dele, do contrário teria se considerado suspeito para presidir a sessão do Tribunal Superior Eleitoral que julgou o pedido de cassação do mandato do seu amigo de 30 anos, Michel Temer. Muito pelo contrário, deu o voto de Minerva que salvou o amigo sem importar-se com a sua repercussão. E ele também certamente não tergiversará para salvar o amigo e correligionário do PSDB.

Ninguém conseguiu descobrir até agora por que a Suprema Corte parece ter medo de Aécio, evitando condená-lo e sempre buscando um jeito de preservá-lo. Até hoje nenhum inquérito contra ele prosperou, apesar do acúmulo de provas sobre corrupção. Ainda recentemente a 1ª. Turma do STF decidiu adiar o julgamento do seu pedido de prisão, sem previsão de nova data, o que decepcionou todos os que esperavam a sua punição, sobretudo após as denúncias do dono da JBS. A surpreendente e incrível blindagem de Aécio, porém, não se limita ao Supremo, pois ele é protegido também no Senado onde, mesmo afastado, teve arquivado pelo presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto, do PMDB, o pedido de cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar. João Alberto disse que não viu motivo para a sua cassação, chegando a afirmar que o senador mineiro foi vítima de uma armação. Até parece que ele, Aécio, não entende de armação, pois foi ele quem armou o golpe que contrariou a vontade de 54 milhões de brasileiros e destituiu Dilma do Planalto. A atitude do senador peemedebista, o único brasileiro que não viu a corrupção do tucano, confirma o casamento dos dois partidos – PMDB e PSDB – para manter Temer no poder e salvar todos os deputados e senadores que estão com a corda no pescoço.

O Supremo, assim, mesmo que decida pelo afastamento de Temer dificilmente terá sua determinação aprovada pelo Congresso, onde o presidente ilegítimo ainda tem a maioria. Os parlamentares, na verdade, não mais se curvam às decisões da Suprema Corte que, por seu comportamento, está tão desacreditada que tem sido asperamente criticada publicamente até por procuradores, como Carlos Fernandes de Lima, da Operação Lava-Jato, por conta da história da revisão de delações. Assim como o juiz Sergio Moro, cuja fama o transformou na autoridade máxima do país, os procuradores da Lava-Jato também estão se considerando tão fortes que já fazem até ameaças, através da sua entidade de classe, contra quem os critica. Eles podem criticar inclusive o Supremo, mas não aceitam críticas. Em nota divulgada à semana passada, o Conselho Nacional dos Procuradores da República defendeu o procurador Deltan Dallagnol, das críticas por suas palestras, consideradas legais pela entidade, ao contrário das palestras de Lula. E ameaçou: "Isto é inadmissível e não será tolerado". Imaginem se o Supremo, que parece entorpecido, reagisse da mesma maneira às críticas recebidas de procuradores...

Fonte: brasil247

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