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Claudia Dutra: Tudo igual uma ova! Quem defende a democracia não se rende ao golpe


Fotos de Lula e Dilma, Lula e Pepe Mujica: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

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por Claudia Pereira Dutra, especial para o Viomundo

Do Viomundo - Por parecer grosseira a expressão “uma ova” busquei informações sobre a interjeição aqui usada como repúdio à tentativa de igualar todas as concepções e práticas políticas e por entender que a extinção da política só pode levar ao avesso da democracia.

O professor de linguística José Augusto Carvalho (Unicamp) diz que “uma ova!”, originalmente designaria uma triste compensação, um consolo inútil (…), mas, na verdade, segundo ele, a expressão registra uma enérgica contestação por parte de quem a profere.

Assim, entendi que deveria manter a expressão neste texto.

Nos últimos dias tomamos conhecimento que a JBS (Friboi) continua pagando a mesada de Eduardo Cunha (PMDB) para que se mantenha calado na prisão.

Temer (PMDB), presidente do golpe, recebeu o dono da Friboi e, conforme o empresário, deu aval para que continuasse com tal propina.

Ou seja, o Eduardo Cunha era e é um “corrupto necessário”, que de dentro da prisão comanda quem está em suas mãos.

O crime de “obstrução da justiça” é o mínimo que se pode deduzir desse fato.

Ainda, nesse encontro no palácio do Jaburu, o dono da Friboi confessou a Temer que pratica suborno para obter informações privilegiadas do Ministério Público.

Temer ouviu com naturalidade esse relato e não se opôs, inclusive não encaminhou nada em relação a tal crime. Isso chama-se prevaricação.

Ou seja, mais uma vez, admitem a “corrupção necessária”.

Temer inclusive contou ao empresário que o Juiz Sergio Moro indeferiu 21 perguntas de Cunha para lhe “trucar”, dando mais ingredientes para entender como funciona a seletividade da “lava a jato”.

E caso do Aécio (PSDB)?

O senador agora afastado que estimulou a mentira e o ódio contra Lula e Dilma foi pego acertando propina com o dono da Friboi e também foi gravado falando em morte de algum possível delator.

Por incrível que pareça depois de tudo isso a manipulação continua. Os crimes da cúpula do PMDB e do PSDB são resumidos ao velho chavão “tudo igual”.

Igual “uma ova”! Quem defende a democracia não se rende ao golpe!

Não congelamos os recursos das políticas sociais e somos contra exterminar direitos trabalhistas e previdenciários.

Também não combinamos com empresários obstruir a justiça e manipular a informação.

Não somos contra investigar qualquer fato, condenamos a instrumentalização da justiça e repudiamos a difamação.

A injúria é a morte da argumentação e é feita por quem não se interessa por justiça e sim pelo extermínio moral dos adversários políticos vistos como inimigos.

Nessa lógica, tenta-se impedir a candidatura de Lula em uma eleição direta e regride-se ao patamar da ditadura.

Por isso não podemos permitir que o ódio siga ganhando adeptos para excluir os princípios democráticos.

Vale lembrar que em tempos de crise o ódio é porta voz do fascismo e que este está sempre latente e pronto para criar fantásticos úteis à legitimação do poder autoritário.

O ódio agora impede parte da população de entender a gravidade das confissões do dono da Friboi feitas a Temer.

A revelação desse encontro mostrou as ramificações criminosas que se alastram no judiciário e na mídia, pois o empresário contou a Temer que conseguiu fazer “deixar quieto” na mídia o caso da carne podre que sua empresa adultera e vende.

Não podemos calar perante o escárnio que é produzido por essa imprensa corrompida para corromper a opinião pública, nitidamente mais uma peça útil da “corrupção necessária”.

A parcialidade da grande mídia se tornou uma arma potente de perseguição.

No caso da delação do empresário Joesley que envolve Temer, a análise dos meios de comunicação trata da ponderação em relação à legalidade dos áudios da conversa e solta mais ilações contra Lula e Dilma sem alertar o grave fato de um empresário tratar de crimes com Michel Temer.

Ou seja, a “corrupção necessária” guia o jornalismo, a política e as instituições públicas que se orientam por interesses utilitaristas.

A cada fato se vê mais maniqueísmo, a produção da farsa sem limites.

Mais do que nunca é fundamental que se saiba a real distinção entre direita e esquerda, o que historicamente nos diferencia e entender que estas diferenças se referem à concepção de cada um em relação à igualdade.

Ou seja, como nos posicionamos em relação às desigualdades, se admitimos sua existência ou se nós queremos sua eliminação.

Mas, e o fascismo?

Este se refere à liberdade e define a quem admite o recurso da força, o exercício do poder autoritário, o controle total do Estado que se sobrepõe as liberdades dos indivíduos.

Esse poder autoritário é exatamente o que temos visto crescer com o governo Temer que se cerca do aparato militar para impedir a manifestação popular.

A repressão visa impedir a participação ampla da sociedade que, neste momento, é a única capaz de reunificar o país na defesa dos valores democráticos.

As eleições diretas apontam um caminho possível de unidade entre as diversas forças políticas progressistas que ensejam debater e pensar propostas para reconduzir o país.

Fora disso, o que teremos é o confronto da guerra que sangra com a ferida aberta pelo golpe.

Fora do caminho da participação e da superação do golpe, teremos mais “corruptos e corruptores úteis” oriundos desse modelo capitalista que representa a síntese de toda a destruição política, social, ambiental que se impõe.

Não somos todos iguais, somos todos diferentes!

Quando nos aproximamos na defesa da justiça e da equidade avançamos em direção da construção de uma sociedade melhor.



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