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ABRACRIM lança campanha nacional contra o machismo nos setores jurídicos



Campanha foi motivada após advogada ser impedida de entrar em audiência por não estar vestida de forma adequada
Advogados criminalistas de todo o país estão engajados desde esta quarta-feira, 12 de abril, na campanha nacional da ABRACRIM – Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas – contra o machismo. A campanha foi motivada por um acontecimento registrado no Tribunal de Justiça do Tocantis. A advogada Darla Cardoso Marques conta que foi impedida de entrar em audiência porque sua roupa não seguia regra interna da casa: as saias e vestidos devem ter um comprimento mínimo: 3cm acima dos joelhos.

“Fui impedida de entrar em uma audiência , meu trabalho, por entenderem que, segundo uma regra interna de centímetros para uma vestimenta, a minha peça não se enquadrava. E o que se faz nessa hora? Se tivesse um manto, eu cobriria, mas não tinha uma saída, uma saída para um mulher, para uma mãe, para alguém que só queria fazer o seu trabalho. Parece pouco diante de tanta tragédia humana, parece pouco para uma mulher que sempre foi ensinada a baixar a sua cabeça, parece pouco para muitos, mas para mim foi a gota d’água, cansei do machismo impregnado nas mulheres, do excesso de regras descabidas, da burocracia emburrecedora, cansei da história da maçã, da história da subjugação, cansei da falta de humanidade humana”, escreveu a advogada em suas redes sociais.

Assim que o caso foi comentado entre os associados da ABRACRIM, inúmeros advogados e advogadas se solidarizaram com a colega do Tocantins. “Eu fico imaginando a mulher jurisdicionada (cidadã que procura a Justiça), que não tem dinheiro para alimentos: terá que mandar confeccionar uma saia nos moldes do tribunal para poder ter acesso ao Judiciário! Pensem como isso é absurdo e tirânico!”, declarou a presidente da ABRACRIM –SE, Vitória de Oliveira Rocha Alves.

A conselheira nacional da ABRACRIM por Rondônia e secretaria-adjunta da Ouvidoria Nacional da Associação, Aisla Carvalho, contou que já sofreu situação semelhante: “A atente da entrada do Tribunal não me deixou entrar porque minha blusa ‘não estava nos padrões’. Era uma regata, segundo a opinião dela, porque era uma blusa sem mangas. Não relutei, apenas voltei e busquei meu terno. Mas no mesmo momento passava por mim uma servidora usando uma blusa de alcinhas finas – e com um profundo decote. Então eu ri e comentei com a servidora: “Então a regra só vale para advogada, não é?” A moça apenas baixou a cabeça, porque não tinha resposta para o óbvio. Até concordo com algumas regras, mas a forma como impõem essas regras tem sido abusiva. Vivemos em um mundo (jurídico) de egos de servidores que entendem deter o poder soberano, seja esse servidor o juiz ou a atendente do balcão”, desabafou.

Motivada pelos exemplos e consciente de que a situação se repete em vários lugares do país, a entidade iniciou a campanha contra o machismo, lançando nas redes sociais o seguinte texto: “Mulheres ainda passam pelo constrangimento de serem barradas nos tribunais e nos fóruns por não usarem roupas “adequadas às regras”. São mães, filhas, trabalhadoras, vítimas de violência ou vítimas de abuso impedidas de seus direitos por não se vestirem “adequadamente”. A ABRACRIM pergunta: até quando? Chega de machismo!!”

Fonte: ABRACRIM

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