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Ataque na aldeia Taquara em Juti-MS



[texto atualizado em 25/03/2017 - 20:00]

CMI BRASIL - Hoje [25 de março de 2017] pela manhã os moradores da Terra Indígena Taquara (aldeia Tekoha Takuara), no município de Juti no Mato Grosso do Sul, foram surpreendidos com a chegada de diversos homens armados.

Os primeiros relatos recebidos descrevem a chegada de homens armados com rifles, rostos completamente cobertos e o uso de pelo menos um helicóptero.

Os indígenas foram ameaçados e se refugiaram em pontos da mata. Depois de diversas horas com dificuldades de comunicação, segue abaixo o texto com relatos e as informações levantadas até agora.

Nesse momento há uma operação da Força Aérea Brasileira - FAB na região fronteiriça. O aeroporto de Dourados, desde ontem, dia 24, se tornou uma das bases da operação Ostium da FAB na região com "caças, aeronaves remotamente tripuladas, aviões-radar e helicópteros" [segundo a própria FAB] . O aeroporto fica próximo da região de Caarapó, onde habitam os povos Kaiowá e Nhandeva. Hoje, dia 25, pela manhã, agentes armados invadiram a aldeia conforme o relato uma liderança indígena local:

"Eles vieram com brutalidade vasculhando as casas e barracos dizendo para todos saírem da área de retomada... com arma apontando nas mulheres e crianças da terra indígena Taquara"

Mulheres e crianças deixando a aldeia para refúgio na mata.

"Se eles tivessem nos avisado, nós não iríamos nos negar a recebê-los. Se eles tivessem vindo com respeito. Porque nós somos índios, nós não somos bandidos. Mas eles chegaram ameaçando as mulheres. Eles desceram do helicóptero e falaram para as mulheres não correr, senão atiravam nas costas delas."

"Os mascarados fizeram algumas crianças e mulheres ajoelhar-se e disseram que a terra Taquara é de fazendeiros, não de nós indígenas. Eles também ordenaram que saíssemos de lá e ameaçaram voltar novamente."

Lideranças locais confirmaram que helicópteros sobrevoaram toda a região durante o dia.

Helicóptero sobrevoa a aldeia.


"Tem muita polícia, fechando as estradas com caminhonetes, não sabemos se é a DOF (Departamento de Operações de Fronteiras) ou Sepriva mesmo (Segurança Patrimonial de Dourados). Também haviam 5 helicópteros sobrevoando as terras dos Nhandeva, quando nos comunicamos com eles. Aqui os helicópteros são brancos, meio cinza," relatou a liderança.

"Pra nós que já passamos por tantos conflitos nas mãos dos fazendeiros, estamos achando essa operação toda muito suspeita. Pode ser que os fazendeiros estão usando essa desculpa operação da FAB".

Representantes do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) alertaram que o MPF (Ministério Público Federal) foi acionado e irá pedir mais informações para a FAB sobre a operação a fim de averiguar os abusos e responsáveis pela operação.




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