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Os intelectuais


De Estação Sul Minas - Gostaria de escrever sobre filosofia e educação. No entanto, as questões políticas têm cotidianamente ocupado minhas preocupações. A cada dia são frases e postura que chocam minha modesta cosmovisão e me levam, contra minha vontade, a ficar um tanto pessimista em relação ao futuro de nossas crianças e adolescentes.

A questão mais dolorosa e danosa que uma pessoa pode fazer a outra é aniquilar a sua esperança. Esta é uma virtude mediante a qual se toca o futuro. Infelizmente, a matança nos presídios, denominada de “acidente” pelo Presidente da República e, sobretudo, o vínculo entre o crime organizado e a política, tal como noticiado em Manaus, me fazem suspeitar de que isso é, apenas, a ponta de um grande iceberg no agitado mar de nossa história contemporânea.

Geralmente, me pego pensando em nossa gente, que se encontra irritada no trânsito, em casa e no trabalho; buscando freneticamente satisfazer desejos despertados pelo capitalismo, conectados com os distantes e longe dos próximos. E me pergunto: como estimular um pensamento reflexivo e reagir contra essa onda que a todos envolve sem piedade.

Aqui me lembro das reflexões de Antônio Gramsci (1891-1937), um italiano de baixa estatura física, condenado à prisão, vítima da agressividade fascista, tem muito a ensinar sobre a formação de lideranças e, consequentemente, o resgate da esperança. Suas ideias estão na obra “Cadernos da Prisão”.

Ele nos chama a atenção sobre a questão do papel organizativo que cumprem os intelectuais. Toda pessoa pode ser um intelectual. O intelectual é o dirigente da sociedade. Um cabo do exército, embora analfabeto, segundo Gramsci, é um intelectual, porque dirige os soldados; intelectual é também um chefe das ligas de assalariados agrícolas, ainda que analfabeto, como eram muitos deles na época de Gramsci, porque organiza os trabalhadores, dirige-os e educa-os. O intelectual é um organizador, diretor e educador.

O que percebo é que há um desânimo e, até mesmo, ausência de intelectuais ( no sentido gransciano). Sem eles, a esperança se definha, deixando a passagem livre para a barbárie! O que está ocorrendo em nossos presídios, na politica desse país e no comportamento agressivo de muitos é um indicativo da proximidade da barbárie e da urgente necessidade de nos organizarmos para, pelo menos, resgatar nossa esperança.

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