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Escolha de relator da Lava Jato influenciará indicação de Temer para o STF



Por Lisandra Paraguassu, da Reuters

A decisão de Michel Temer sobre o novo ministro do Supremo Tribunal Federal no lugar de Teori Zavascki, morto na semana passada em um acidente aéreo, será influenciada pela decisão de quem será o novo relator da operação Lava Jato no STF e a necessidade, ou não, do Palácio do Planalto ter um ministro mais alinhado com o governo, disseram à Reuters fontes palacianas.

De acordo com uma das fontes, se o novo relator for um nome com tendências pouco simpáticas ao governo Temer, o presidente pode "sentir a necessidade de ter alguém que possa contrabalançar isso". Ao contrário, se o novo relator for neutro ou mais alinhado com o governo, Temer se sentiria à vontade para apresentar um nome técnico, o que tem sido até agora sua preferência.

Essa é uma das razões para Temer ter decidido esperar a decisão da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, sobre o rito para a escolha de um novo relator --além de intenção de demonstrar que não pretende interferir no processo e na condução da Lava Jato.

Cármen Lúcia deve se posicionar sobre os processos da Lava Jato antes do fim do recesso do Judiciário, segundo uma fonte com conhecimento do assunto.

POSSIBILIDADES

Temer já vem conversando sobre possíveis nomes, mas está longe de qualquer decisão. Seus principais interlocutores têm sido o ex-ministro do Supremo Carlos Ayres Brito e o atual ministro Gilmar Mendes, que jantou com Temer no Palácio do Jaburu no último domingo.

"Gilmar tem sido o principal interlocutor do presidente. Eles têm uma relação muito antiga", disse uma das fontes. Além de ministro do STF, Gilmar Mendes também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre os nomes que realmente foram aventados até agora aparecem o do presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, e o advogado tributarista Heleno torres. O primeiro tem uma relação mais próxima com Temer. Já Torres chegou a ser cotado para substituir Ayres Brito, mas não foi nomeado pela então presidente Dilma Rousseff depois que seu nome apareceu na imprensa.

Nos corredores do Planalto, no entanto, já foram citados mais de uma dezena de nomes, entre eles pelo menos seis ministros do Superior Tribunal de Justiça, como Herman Benjamin, Luis Felipe Salomão e Mauro Campbell. A saída STJ seria para tentar seguir um perfil mais semelhante ao de Teori, um ministro técnico que fez carreira vindo de tribunais federais para o STJ e então para o STF.

"Precisa ser alguém com perfil como o do Teori. Técnico, discreto e de reputação ilibada", defendeu um auxiliar de alto escalão do presidente.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, também citado como um possível candidato, está em baixa na bolsa de apostas palaciana. "O presidente pode até mudar de ideia, mas no momento é muito pouco provável", disse uma das fontes, acrescentando que o ministro tem feito uma campanha pelo cargo, além da pressão de seu partido, o PSDB.

Moraes tem ido ao Planalto com frequência e pedido apoio a seu pleito a políticos do seu partido e próximos a Temer, diz uma outra fonte. O currículo de Moraes até pode ser considerado bom, mas suas ligações políticas e seu perfil pouco discreto, acrescenta a fonte, seriam impeditivos para sua nomeação, na visão do Planalto.

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